Tuesday, January 31, 2012

O despertar

Naquele novo e brilhante dia, Antonio acordou invulgarmente cedo (pouco antes do meio dia). Tinha tido um invulgar sonho no qual ele corria nu a gritar "Eureka!!" por estranhos corredores de marmore branco.

De facto algo estava diferente, nao havia memoria de despertar mais matutino e optimista.

Levantando-se, rapidamente Antonio envergou a sua tradicional vestimenta. Avaliando pela (ainda) ausencia de encardimento na zona dos joelhos, Antonio concluiu que era ainda cedo para lavagens, tanto da roupa como dele proprio.

- Mae! - disse Antonio a sua idosa mae que se encontrava ocupada a ver um qualquer programa na televisao.
- Diz Toninho.
- Nem sabes a ideia que tive, vou-me tornar um astronauta!
- Boa filhinho - respondeu ela enquanto acenava positivamente com a cabeca, visivelmente habituada a tantos anos de baboseiras que silmplesmente ja nao digeria qualquer informacao vinda de Antonio. - mas agora nao me interrompas que o Gouxa esta a falar!

Feliz por ter ja exprimido os seus objectivos para com o seio familiar, Antonio pegou num pacote de batatas fritas, o seu ja habitual pequeno almoco, e saiu porta fora com uma pressa e vigor nunca antes observados na sua pessoa.

Tuesday, January 24, 2012

Capitulo a seguir

Espera - Disse Fanam apos ouvir a ridicula hipotese de ligar ao professor Kabinda - Antonio, tens de te acalmar e parar com este churrilho de ideias parvas. Achas mesmo que um vidente de folheto vai de alguma maneira contribuir para que te tornes astronauta?
- Epa, eu acho que...
- Cala-te meu, vai mas e para casa pensar um bocado antes de dizeres mais asneiras! - disse novamente Fanam num tom enfurecido - ja nao sei o que te diga... nao sei se e essa tua mania parva de nao comer arroz, mas sinceramente acho-te cada vez mais idiota e ando farto de te aturar.

Antonio estava estupefacto com o seu amigo. Jamais tinha memoria de alguem lhe dizer tantas verdades de maneira tao cruel.

Sem outra palavra, Antonio saiu a correr do cafe e foi para casa.

Tuesday, December 27, 2011

Capítulo 5 - A historia continua...

Apos longa caminhada, Antonio la conseguiu voltar para o Palmeiras, onde, em posicao praticamente inalterada desde a sua saida, estava Fanam mais a sua mini.

- Oh Fanam, empresta ai o teu telemovel. - disse o Antonio com o seu habitual ar descontraido.
- Tas-te a passar ou que? Alguma vez...
- A serio pah, empresta la isso.
- Entao mas para que?
- Epa, preciso de ligar para uma pessoa que e capaz de me ajudar na cena de astronauta.
- Ok ok, eu empresto, mas so se for alguem com nove seis, porque senao nao tenho saldo
- Hmm... - Murmurou Antonio com um ar duvidoso.
- o que foi? - Perguntou Fanam.
- Epa, eu lembro-me que o numero comecava por nove, mas nao me lembro do resto...
- Eu sabia... Pronto, sendo assim nao te empresto o telefone.
- Mas ainda agora disseste que emprestavas!
- Entao mas agora nao sabes o numero para onde ligar.
- Mas se calhar experimentamos ligar uns numeros aos calhas, tambem nao deve haver assim tantos comecados por nove, nao e?

(Nota: peco desculpa pela falta de assentos, mas decidi continuar o blog a partir do telemovel e torna-se muito mais pratico assim)

Wednesday, December 14, 2011

Capítulo 4 - O Arcada

Embora sendo difícil de acreditar, António finalmente chegou ao Arcada.

Tudo estava de acordo com a memória de António, tanto o toldo amarelo roto como as paredes extensamente preenchidas de rabiscos sem grande jeito.

Foi então com surpresa que, ao virar a esquina para chegar à frente do famoso café, António se depreendeu com uma porta fechada, e confirmou, olhando para o selo oficial, que as notícias que Quinito lhe tinha fornecido eram de facto verdadeiras: O Arcada estava encerrado pela ASAE!

- Porra! - Exclamou António furioso - Andei isto tudo para nada.

Não conformado com a situação, António colou a cara à montra do Arcada para ver se via algo lá dentro. Infelizmente o vidro estava opaco com tanta sujidade, não permitindo vislumbrar nada para o seu interior.

António estava desfeito, sem o contacto do Antunes as suas hipóteses de se tornar um astronauta estavam a diminuir.

Foi no entanto nesse momento que António, de espírito perspicaz e observador, viu que um dos rabiscos na parede dizia algo como "preciso de um [palavra rasurada] para ir às estrelas, liga-me para o 965552312".

- Epá, isto só pode ser uma dica - disse para consigo próprio o António - a palavra que não percebo deve ser astronauta, senão para que é que precisavam de alguem para ir às estrelas? Ainda para mais na parede do Arcada, vai na volta o gajo que escreveu isto também procurava o primo do Antunes!

Feliz com a sua intuição sem par, António procurou nos seus bolsos algo para apontar o número para ligar mais tarde (porque António não tinha telemóvel), mas só encontrou o papel do professor Kabinda, e não tinha nada para escrever... Ainda para mais a rua parecia estar ali deserta, pelo que não tinha ninguém a quem pedir uma caneta.

Decidido a que isso não fosse um entrave, de forma a memorizar o número, António repetiu o mesmo até se cansar (portanto, após a segunda repetição).

Seja como for, pensou ele, ali não tinha como ligar, pelo que iniciou a longa caminhada até ao Palmeiras para ver se o Fanã lhe deixava fazer uma chamada do telemóvel.

Monday, December 12, 2011

Pequeno Interlúdio - o Achado

Foi então a caminho do Arcada que António pisou uma valente bosta.

- Porra! Tinha de ser.

De seguida, traçando a perna para observar a dimensão do estrago, António reparou que debaixo da bosta, firmemente colada na sola da sua bota, estava um papel anunciando os serviços do médium vidente "Professor Kabinda".

Descolando cuidadosamente o papel, António observou que o Professor Kabinda, entre outras coisas, via o futuro nas pedras da Lua.

- Eh pá, se o gajo tem pedras da Lua é porque de certeza que conhece algum astronauta!

Contente por ter feito tal achado, António meteu o papel no bolso (esquecendo-se de onde é que o tinha acabado de retirar...) e seguiu caminho, assobiando, para o Arcada.

Capítulo 3 - A caminho do Arcada

Parecia longa a viagem. António estava quase prestes a desistir após os primeiros 50 metros, mas foi nessa altura que foi abordado por uma cara que lhe era familiar.

- Xi, se não é o António! - Disse o sujeito. Usava um fato impecável roxo, óculos escuros e o cabelo puxado para trás, carregado de gel.
- Xico Mãozinhas?
- Qual Xico qual quê?!? - E levantando os óculos para mostrar os olhos - Sou eu pá, o Quinito!
- Quinito!?! Xi pá, o que é feito? Da última vez que te vi andavas a apanhar beatas no chão, agora estás aí todo janota!
- Epá, nem sabes, meti-me aí num negócio daqueles! Correu-me bem!
- Estou-ta ver estou...
- Então e tu, que é que andas a fazer?
- Nem sabes, estou decidido a ser astronauta!
- Astronauta? Então mas isso não é a cena dos gajos que andam no espaço aos tiros com raios laser?
- É isso mesmo, a cena das naves!
- Epá, isso é muito à frente! Então e como é que arranjaste esse tacho?
- Sabes como é que é, tenho sempre bons contactos para estas cenas! - Disse o António com um ar importante.
- Ya ya, eu sei, mas para a cena das naves é mesmo preciso um granda contacto com bué "conéxchons"!
- Eu sei, vou ali falar com o Antunes do Arcada, ele tem um primo que está metido na cena!
- O Antunes?!? Mas o gajo vendeu o Arcada praí há uns 15 anos! E entretanto a ASAE foi lá e fechou aquilo porque estava uma espelunca!
- Tás a gozar?
- Não estou não, é verdade.
- Epá, nunca pensei - Disse o António.
- Sabes como é, o pessoal não limpa a cena e a ASAE vai lá e fecha.
- Não é isso, nunca pensei que já tivesse alguem para me sabotar as ambições!
- Hã?!
- Vê-se logo que estás a mentir Quinito, não queres é que eu vá ao Arcada que é para lá chegares primeiro e roubares a ideia! - Retorquiu António com um ar determinado. - Sai-me já da frente senão nem sabes o que te faço!!

Parante tal comentário, Quinito nem soube o que dizer, ficando perplexo enquanto António lhe virava as costas e seguia o seu caminho para o Arcada.